O PORQUÊ DAS COISAS:
O PORQUÊ DAS COISAS: A gente vai sempre se deparar com situações que
abrem em nossa mente e em nosso coração espaços questionadores, minutos
conflitantes, perguntas sem respostas e respostas que o coração teima não
querer admitir. Cresci, bebendo a sabedoria, incorporando a postura e tomando a
forma dos ensinamentos das Filhas da Caridade, com as quais convivi a minha
adolescência, a minha juventude e ainda um tantinho de minha vida adulta. Foi
um tempo tão prazeroso, que os laços permanecem atados e, com algumas, chega a
ser um "nó cego", no nosso dialeto coloquial e só transferi a
convivência de Aracati para Fortaleza. Sabem, amigos, nas constantes visitas
que faço a esses pedaços de gente que me fizeram gente, hoje eu me senti a
mesma menina de antes, quando me vi conversando com mais de 360 anos. Como pode
isto, alguns podem questionar, mas é que eram quatro Irmãs, todas com mais de
90 anos. Externo-lhes o PRIVILÉGIO, pois as memórias ainda se reconhecem e me
reconhecem, claro que não mais com a mesma capacidade, mas todas cientes de
quem sou e de quem são elas. As marcas das dores não se fazem ausentes; os
passos miúdos têm um compasso lento e o apoio nas "benditas bengalas"
é de uma necessidade extrema; as mãos finas e encolhidas se perdem dentro das
minhas, mas ainda são capazes de um aperto, no entorno de 90 anos e a gente
sente a maciez, a suavidade da pele frágil e tudo isso faz os sentimentos se
embolarem dentro da gente, num rasgo de lembranças e de saudades. Passei o
resto do dia a meditar sobre a arte e mais ainda, sobre o DIREITO DE SE
ENVELHECER COM DIGNIDADE. Houve momentos em que me questionei sobre o que tenho
feito NA VIDA E COM A VIDA. Ao ver aquelas mulheres, pilares de uma sociedade
totalmente adversa da atual, sinto-me grata e satisfeita pelo que delas recebi,
pelo que com elas aprendi e sei que muitos que me leem, neste momento, também
têm suas boas lembranças, seus reconhecimentos, têm histórias genéricas,
similares à minha e os muitos valores que temos precisam estar à disposição dos
que estão no início da caminhada, fora do caminho, alguns sem destino, como se
a esperança fosse uma UTOPIA e, como se a VIDA fosse uma brincadeira qualquer.
Ah, minhas amadas Filhas da Caridade, como lhes sou grata por tudo! Sei que
vida longa não terão mais, porém, a excelência dos mais de 90 anos já vividos
só me confirmam a verdade bíblica: "A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ
COBRADO". Isto, amigos, é uma advertência a todos nós. Desejo-lhes um bom
dia, uma abençoada semana e um mês de expectativas e de perspectivas positivas.
Abraços cheios de carinho e de muitos afetos.
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